Introduzindo a temática do Envelhecimento Populacional, parece-me
prudente recorrer a Kofi Annam (Prémio Nobel da Paz em 2001 e ex.
Secretário-Geral da ONU) que, num discurso em 2002 proferiu que “a expansão do
envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O
que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são,
autónomo, activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais
teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.
Seguidamente, e como forma de provar o progressivo envelhecimento a que
assistimos, o Instituto Nacional de Estatística lançou em Outubro de 2007 um
documento a quando do “Dia Internacional do Idoso”. Este relatório, demonstrou
que em Dezembro de 2006, 17,3% da população total residente em Portugal
Continental eram idosos com mais de 65 anos. Segundo as estimativas do INE,
entre 1990 e 2006 registou-se um aumento da população idosa e uma diminuição da
população jovem.
Os dados a serem apresentados a partir deste ponto, são previsões do INE pelo
que as hipóteses serão sempre condicionadas.
De acordo com as projecções de População Residente em Portugal entre 2000-2050,
devemos atender aos possíveis resultados: - índice sintético de fecundidade
será em média de 1,7 filhos por mulher; Aumento da esperança média de vida,
considerando a média de ambos os sexos, para 82 anos (74,1 anos em 1990 e 78,5
anos em 2006); decréscimo populacional a partir de 2010 e até 2050; continuado
envelhecimento e consequente aumento do índice de dependência dos idosos e; o
índice de envelhecimento poderá ultrapassar a barreira dos 200 idosos por cada
100 jovens (em 1990 por cada 100 jovens residiam em Portugal 68 idosos).
Relacionado intrinsecamente com o envelhecimento, está a Reforma daqueles que
toda uma vida trabalhou por uma melhor qualidade de vida. A entrada na reforma
dos indivíduos entre os 50 e os 69 anos de idade, poderá ser explicada por
factores como a chegada à idade obrigatória para a Reforma, doença ou
invalidez, condições favoráveis para deixar de trabalhar, perda de emprego,
necessidade de cuidar de crianças ou de outras pessoas dependentes.
O progressivo aumento do envelhecimento populacional, aponta para a necessidade
da definição de uma política de envelhecimento que tem impacto na melhoria da
qualidade, reforço das parcerias, consolidação dos direitos sociais e afirmação
do grupo de pessoas com mais idade com um forte potencial social, económico e
cultural.
Enquanto desafio, o envelhecimento populacional cria novos horizontes, daí a
necessidade de se investir não só em infra-estruturas de apoio às necessidades
dos idosos, como também na formação em áreas como a geriatria e apostar na
prestação de cuidados de saúde pois, os idosos possuem necessidades especiais
diferentes das dos jovens tais como cuidados continuados integrados, apoio
domiciliário, Centros de Dia ou acolhimento familiar.
Infelizmente, tendemos a associar o envelhecimento a alguns estereótipos que
nos são impostos na sociedade muito por influência da Comunicação Social que
nos transmitem afirmações erradas: - o envelhecimento começa aos 60\65 anos (o
que conta é o espírito jovem da pessoa); os idosos são um fardo para a
sociedade e economia (ideia errada uma vez que a sua experiência adquirida os
torna essenciais na educação por exemplo dos seus netos); não há sexo depois
dos 65 anos (mais uma vez errado, lembrem-se do comprido azul); os idosos são
todos iguais. Tudo isto nos é transmitido e é falso.
Finalizando, a existência de uma 3ª idade a partir dos 65 anos e hoje uma 4ª
idade a partir dos 80 anos de idade, faz com que haja uma maior necessidade de
cuidar desta camada idosa e responder às suas necessidades através da
existência de bens e serviços com o ideal de melhorar a sua qualidade de vida
e, possibilitando novas oportunidades económicas (a chamada “economia
grisalha”) que, a serem aproveitas poderão levar à criação de postos de
trabalho em Lares, Santas Casas da Misericórdia, Centros de Dia e equipas
especializadas em apoio ao domicilio.
“Envelhecer é aborrecido, mas é a única forma de se viver muito tempo!” –
Saint-Beuve.
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