domingo, 30 de setembro de 2012

Envelhecimento Populacional – Um desafio em Portugal



Introduzindo a temática do Envelhecimento Populacional, parece-me prudente recorrer a Kofi Annam (Prémio Nobel da Paz em 2001 e ex. Secretário-Geral da ONU) que, num discurso em 2002 proferiu que “a expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.
Seguidamente, e como forma de provar o progressivo envelhecimento a que assistimos, o Instituto Nacional de Estatística lançou em Outubro de 2007 um documento a quando do “Dia Internacional do Idoso”. Este relatório, demonstrou que em Dezembro de 2006, 17,3% da população total residente em Portugal Continental eram idosos com mais de 65 anos. Segundo as estimativas do INE, entre 1990 e 2006 registou-se um aumento da população idosa e uma diminuição da população jovem.
Os dados a serem apresentados a partir deste ponto, são previsões do INE pelo que as hipóteses serão sempre condicionadas.
De acordo com as projecções de População Residente em Portugal entre 2000-2050, devemos atender aos possíveis resultados: - índice sintético de fecundidade será em média de 1,7 filhos por mulher; Aumento da esperança média de vida, considerando a média de ambos os sexos, para 82 anos (74,1 anos em 1990 e 78,5 anos em 2006); decréscimo populacional a partir de 2010 e até 2050; continuado envelhecimento e consequente aumento do índice de dependência dos idosos e; o índice de envelhecimento poderá ultrapassar a barreira dos 200 idosos por cada 100 jovens (em 1990 por cada 100 jovens residiam em Portugal 68 idosos).
 Relacionado intrinsecamente com o envelhecimento, está a Reforma daqueles que toda uma vida trabalhou por uma melhor qualidade de vida. A entrada na reforma dos indivíduos entre os 50 e os 69 anos de idade, poderá ser explicada por factores como a chegada à idade obrigatória para a Reforma, doença ou invalidez, condições favoráveis para deixar de trabalhar, perda de emprego, necessidade de cuidar de crianças ou de outras pessoas dependentes.
O progressivo aumento do envelhecimento populacional, aponta para a necessidade da definição de uma política de envelhecimento que tem impacto na melhoria da qualidade, reforço das parcerias, consolidação dos direitos sociais e afirmação do grupo de pessoas com mais idade com um forte potencial social, económico e cultural.
 Enquanto desafio, o envelhecimento populacional cria novos horizontes, daí a necessidade de se investir não só em infra-estruturas de apoio às necessidades dos idosos, como também na formação em áreas como a geriatria e apostar na prestação de cuidados de saúde pois, os idosos possuem necessidades especiais diferentes das dos jovens tais como cuidados continuados integrados, apoio domiciliário, Centros de Dia ou acolhimento familiar.
 Infelizmente, tendemos a associar o envelhecimento a alguns estereótipos que nos são impostos na sociedade muito por influência da Comunicação Social que nos transmitem afirmações erradas: - o envelhecimento começa aos 60\65 anos (o que conta é o espírito jovem da pessoa); os idosos são um fardo para a sociedade e economia (ideia errada uma vez que a sua experiência adquirida os torna essenciais na educação por exemplo dos seus netos); não há sexo depois dos 65 anos (mais uma vez errado, lembrem-se do comprido azul); os idosos são todos iguais. Tudo isto nos é transmitido e é falso.
Finalizando, a existência de uma 3ª idade a partir dos 65 anos e hoje uma 4ª idade a partir dos 80 anos de idade, faz com que haja uma maior necessidade de cuidar desta camada idosa e responder às suas necessidades através da existência de bens e serviços com o ideal de melhorar a sua qualidade de vida e, possibilitando novas oportunidades económicas (a chamada “economia grisalha”) que, a serem aproveitas poderão levar à criação de postos de trabalho em Lares, Santas Casas da Misericórdia, Centros de Dia e equipas especializadas em apoio ao domicilio.
“Envelhecer é aborrecido, mas é a única forma de se viver muito tempo!” – Saint-Beuve.

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