Terminou mais um processo eleitoral em Portugal. Pessoalmente, destaco
dois grandes vencedores das Autárquicas 2013: um já repetente – Abstenção, e a CDU.
Centrando a minha análise no Município de Estarreja, a CDU relevou-se
como a grande surpresa destas Eleições. Em relação ao ano de 2009, para a
Câmara Municipal ganhou mais 350 votos, e para a Assembleia Municipal mais 520,
que representa a eleição de 3 membros nesta Assembleia (1 membro em 2009). Na freguesia
de Pardilhó, a CDU esteve muito perto da vitória, arrecadando 640
votos (mais 311 votos em relação a 2009), perdendo para a coligação PSD/CDS por
apenas 83 votos. Trata-se de uma votação histórica, que lhes valeu a eleição de
3 membros na Assembleia de Freguesia de Pardilhó (total de 9). Na minha
opinião, penso que o resultado se deve em 1º lugar à boa campanha realizada
pelo partido comunista no Concelho e, espacialmente em Pardilhó, mas sobretudo
ao facto do povo estar saturado dos principais partidos políticos portugueses,
PSD e PS. Existe um notório cansaço nos eleitores, em ter que decidir sempre
entre PSD e PS, pelo que foi dada a oportunidade à CDU de conquistar espaço nos
órgãos do poder local, e provar que conseguem fazer mais e melhor que os
anteriores.
Por outro lado, o segundo grande vencedor, a abstenção, contínua a ser um
problema a que ninguém dá importância. Com uma taxa de abstenção a situar-se,
como habitualmente, nos 50%, é tempo de perceber qual a razão e quem são estas
pessoas que decidem não votar. A resposta é simples, são os jovens entre os
18-35 anos, que representam a maior fatia desta abstenção. E, penso ser fácil
entender o porquê. Nenhum dos partidos políticos direcciona a sua política para
os mais jovens, nenhum fez campanha com os mais jovens. No porta-a-porta, são
as pessoas acima dos 35 anos que dão a cara quando os partidos lhes batem à
porta. E os partidos, teimam em não querer procurar os mais jovens, teimam em
não querer saber onde param estas pessoas, quais as suas necessidades, o que
procuram e o que querem para o seu Concelho. Vale a pena dizer-se que os jovens
são o futuro do país quando os próprios partidos não demonstram interesse em
procura-los? A abstenção continuará a ser assim tão alta, e com tendência a
aumentar, caso os interessados no seu voto não os queiram procurar. Claro que
os jovens não têm interesse na política! A política é aborrecida para eles, uma
vez que, os partidos continuam a apostar nas mesmas formas de pedir o voto. É necessário
modernizar e acompanhar a mudança para os dias de hoje. A Internet é a
ferramenta essencial para fazer campanha, é necessário utilizar as redes
sociais, sites, blogs, vídeos e fotografias para chamar a atenção dos mais
jovens. Não podemos continuar com a campanha do porta-a-porta, a prometer mares
e marés, não podemos continuar com almoços e jantares, nem mesmo comícios. A
aposta deve ser feita através da realização de actividades desportivas,
concertos, actividades culturais, festas, etc. É nesses locais que vamos
encontrar os nossos jovens, num ambiente informal, e aí podemos conversar com
eles, e perceber quais são as suas ideias, o que lhes falta para querer ficar
na sua terra e exercer o seu dever de cidadania, que é votar e escolher os seus
representantes nos órgãos do poder local.
Lembrem-se que a campanha eleitoral começa no dia seguinte às últimas
eleições. Não esperem pelos últimos 2 ou 3 meses para fazer campanha, comecem a
trabalhar já para 2017, procurem respeitar aqueles que vos elegeram, procurem
ouvir a sua opinião todos os dias, aprendemos coisas com quem menos
esperamos.
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